Reinações de Nina no Mundo da Imaginação / Lia Helena

Vem de imediato uma caverna alta, com uma entrada de areia como se tivesse perto do mar, iluminada pelo sol de um entardecer com raios penetrantes. Ao lado, muitas árvores frondosas como se fosse uma mata. A caverna está iluminada pelo sol e vejo suas paredes de pedra. Ele pede pra pegar um caminho à direita e vejo rapidamente a passagem, como se ela já existisse dentro de mim. À medida que ele pede, as imagens vão saltando em minha mente como se eu não tivesse controle, como se elas tivessem prontas para sair. Estranho muito, mas, sigo em frente. Caminho na caverna pelo lado direito e vejo um rio fino e transparente que corre para dentro e forma um lago. Vejo também uma entrada de luz ao fundo onde fico confortável para seguir em frente. Ladeando esse rio existe um caminho de pedras íngremes com uma passagem estreita que subo sem dificuldade até a boca da caverna onde está a passagem de luz. O rio que penetra na caverna está pairado na entrada dela e me faz passar por ele, molhando os pés para sair do outro lado da entrada principal. Sinto meus pés se esfriarem, como se estivesse com eles numa água fria. Suas águas são cristalinas e tento pular entre as pedras para chegar a terra. Avisto o sol de imediato saindo da caverna como se fosse dez da manhã, diferente do tempo de lá de fora, seguindo seu curso na trajetória do poente. Ele ainda não é forte, mas, me aquece com seus raios.

O terapeuta segue dizendo pra eu me esquentar com este sol e isso eu já estou fazendo. A sensação é de uma emoção muito grande que me faz chorar de alegria. A paisagem é linda. O rio, as montanhas logo atrás, a floresta e o sol resplandecente. Não consigo ver o chão. É como se tivesse uma névoa que não me permitisse mirá-lo. Uma neblina, abaixo, toca o solo.

Carol pede a todos para fazerem uma pergunta ao seu inconsciente e esperar a resposta:

— Onde está meu guia? E pede que todos escrevam o que visualizaram.

Continua depois de um tempo, lendo o livro.

O terapeuta pede para eu fazer a pergunta: onde está o meu guia? – continua Nina.

Aparece agora um caminho por entre a floresta com uma bola de luz que o ilumina. Tenho medo. O terapeuta pede que eu fale com a luz para que ela indique a passagem para o guia me conduzir com segurança pelos caminhos do inconsciente. A luz se expande, tornando-se azulada como se dissesse que sim. Desço por um caminho íngreme cheio de pedras, muito selvagem, uma trilha na mata. A luz vai à frente guiando-me. Passo por dentre os pinheiros altos, sinto o cheiro de ervas, mas, não vejo o chão. Agora estou diante de uma clareira com uma caverna e pressinto que dela vai sair um bicho, contudo,  não imagino qual seja.

Lá de dentro aparece um urso branco enorme. E eu me assusto muito, recuando e com todo meu corpo digo que estou com medo. Tremo toda nessa hora e me arrepio inteira. Ele fala de forma amigável e confortante:

— Eu sou teu guia. Não tenha medo, não vou te machucar. Estou aqui pra te ajudar a seguir este caminho que você está escolhendo agora.

O terapeuta pergunta:

 — Você pode conduzi-la pelos caminhos do inconsciente com segurança? Você pode trazer o sol? E Nina repete a pergunta.

Nesse momento o sol aparece com todo o resplendor por cima da clareira iluminando todo o local deixando uma aura púrpura em toda a mata. Ainda tenho medo e não me aproximo do urso. Olho-o incrédula. Ele mira dentro dos meus olhos e uma onda de amor invade meu coração me fazendo chorar. Não consigo controlar. As lágrimas escorrem pelo meu rosto. A onda de amor penetra em meu corpo e cobre-me com uma luz dourada, aquecendo meu coração. Deixa um rastro de leveza e bem-estar. Tenho a sensação de que estou levitando. Todo meu corpo está envolvido por essa estranha energia que ao mesmo tempo em que aquece e cria uma sensação de grande emoção, assusta.

Não resisto e me aproximo devagar, envolvendo-me por essa figura que me assusta e encanta. O urso é enorme. Seus pelos são brancos como leite, contrastando com a floresta em sua traseira. Sua figura mostra a cara de focinho proeminente, olhos pretos amendoados, garras afiadas nas patas dos membros superiores e dos inferiores. Sua altura é mais ou menos de três metros porque é como se fosse dois de mim. Olho para ele e sinto. Ele não tira o olho de mim e a sensação de aquecimento do corpo continua. Observo que estou sozinha e tenho de enfrentar todos os medos que aparecem. Por vezes me dá um impulso de sair correndo, mas, controlo e me deixo invadir pela onda de calor. Aproximo devagar, com cautela. O urso levanta uma pata e me surpreendo novamente. Controlo o susto. O vento sopra leve, o cheiro de mato se torna mais forte e isso me relaxa.

Ao chegar mais perto, sinto uma necessidade muito grande de me encostar à sua barriga e me apavoro, embora venha uma sensação familiar: quando bem pequena encostava-me ao abdômen do meu avô. Ele, também, era enorme nessa época pra mim.

O urso não fala. Apenas mira com o olhar de compaixão e me passa um amor muito forte e intenso. Meu corpo treme todo e eu consigo tocá-lo devagar, como se ele fosse de louça e eu fosse quebra-lo. É uma sensação esquisita. Meu coração dispara e minha mente pede carinho e aconchego, sem que eu consiga detê-la. Vem um turbilhão de emoções a cada instante.

Não percebo, mas, acabo encostando-me ao seu colo; ele me abraça com muito cuidado. O toque é suave, o pelo é macio e muito aconchegante. Fico de pé com as costas encostadas em seu ventre e ele me abraça carinhosamente. Coloco minhas mãos por sobre sua pata. Começamos os dois a fazer um movimento de balanço com o corpo, como se fosse o de ninar e ficamos assim por um longo tempo. As lágrimas caem novamente e eu sinto muito amor. Aquele balanço toca e embala a minha alma e eu me sinto livre pra retribuir tanto aconchego. Passo a mão em seus pelos, brinco com sua barriga e imito seu carinho comigo. Ele me toca o corpo todo como se estivesse me energizando e eu passo minhas mãos por todo seu pelo, sua barriga, suas patas. Mas, não consigo tocar seu rosto.

Ele agora fica de quatro patas no chão e eu o toco no rosto. Contudo, ainda tenho medo. Ele se levanta novamente, o que me surpreende de novo e começa a me tocar outra vez. Suas patas dianteiras seguem num gesto muito aconchegante de carinho, de ternura, seu olhar me acompanha e agora eu me deito em suas pernas, deixando-o tocar em minhas costas, o que me arrepia todinha.

— Todo esse carinho não tem palavras e eu não tenho coragem de falar.

O terapeuta pede para eu perguntar a ele se posso voltar a vê-lo e se ele pode me dar um presente para que quando eu o toque, ele (guia) apareça.

O urso diz que sempre que eu quiser, venha nessa clareira, para encontra-lo. Dirigimos à uma árvore enorme, um jatobá, com um galho que desce e dá para nos sentarmos.

— Ele fala comigo…

— Você pode conversar comigo sobre tudo o que quiser. Pode pedir qualquer coisa, que eu te mostrarei os caminhos para encontrar. Outras vezes, harmonizarei todas as forças para que elas façam acontecer o que você precisa. Você deve ser clara em seus pedidos, continua ele, transmitindo sua mensagem. Se as perguntas forem claras, os caminhos se abrem. Quando temos esta lucidez todas as forças do universo se conectam para encontrarmos o que procuramos. Nunca farei nada sem que você me peça ajuda. Sempre te protegerei e lhe enviarei mensagens que te ajudem a escolher os melhores caminhos. Não se assuste, porque muitas vezes vão aparecer em sua mente muitos avisos e outros caminhos. E você terá que aprender a reconhecer essas imagens, essa voz interna. Deve ficar atenta para poder ouvir. No começo vai estranhar e muitas vezes duvidar, mas, depois de um tempo ouvirá sempre minhas mensagens. As transformações serão grandes em sua vida e você deve se preparar para elas. Você tem um caminho de muito trabalho pela frente. Estarei sempre te acompanhando. Na próxima vez, quando vier me ver te levarei ao seu castelo, morada de sua alma. Ele fica lá embaixo nas montanhas, ao lado de um lago onde esse rio descansa suas águas.

Agora começo a perceber melhor o chão e vejo que é todo de neve. Meus pés começam a congelar. Ele me oferece um par de botinas de lã. Eu agradeço e aceito colocando-as em meus pés. Isto me dá uma sensação de aquecimento muito forte e ajuda a me situar cada vez mais.

Pergunto para ele se o castelo é muito longe, como se tivesse que percorrer uma longa distância. Ele diz que não e que logo o veremos. O sol agora baixa e o urso me leva pra fora da clareira, num lugar onde eu posso ver toda a montanha. É uma encosta de neve com altos pinheiros, o chão muito branco. O vento está frio, mas, assim mesmo, sinto-me aquecida.

Ficamos olhando esta paisagem de lá de cima. Despeço-me dele. Ele me abraça novamente e eu volto para o consultório do terapeuta.

Saio com uma sensação de estar flutuando, que me acompanha por todo o dia. A imagem do urso fica nítida ao longo desse tempo. Não sei o que fazer com isto e aguardo a próxima vez para falar com o terapeuta.

 

English version

Nina goes on to say that:
_” Come at once a high cave, with an entry of sand, as if by the sea, illuminated by the sun which is at dusk, and let the rays penetrate. Along with many trees, like at forest. The cave is illuminated by the sun and i see theys stone walls. He asks to take a path on the right and see them this way, as if it existed inside me. As he asks, bounding the images in my mind as if I had control, as if they were ready to leave. I see it very strange, but i go on. I follow the on the right an see a river that forms a lake inside the cave with a entrance of the backgrond that makes me comfortable to move on, either side of this river is a steep path of stones that make me go up by a narrow passage, but easily climb up to the mouth of the cave in this passage of light.”

 

 

 

 

          _” The river enters the cave is hovering  the entrance it puts me through it, dipping their feet to leave. The waters crystal clear and I am trying to jump between the stones of the river to reach the ground. I catch sight of the sun immediatelly out of the cave like a sun from ten in the morning following the course in the path of the sunset.It still is not strong, but it warms me with the rays.” 

_” The  therapist goes on to say just let this warm you, and that I am already doing. The feeling is a great emotion, that makes me weep with joy. The scenery is beautiful. The river, the mountains behind, the forest and the sun shining. I can not see the ground. It is like a mist that does not allow me to see the ground. A mist of fog, which is very low, touching the ground.”

           Carol asks everyone to make the question.

_” Can you show me my guide” and to monitor the response in your imagination.

For this is a time in silence.

                Continues after a while, reading the book.

_” The therapist says to ask the question, where is my guide. Nina continues and there is a way through the forest with a ball of light that illuminates this path. I am afraid. The therapist asks in this lights that indicates the path guide, and drive safely through the paths of the unconscious. This light expands, becoming bluish, as if to say  yes. I go dow by a steep path, stony, very wild, a trail in the forest. The light goes ahead to guide me. I am going out of the forest of tall pines, I smell, but I do not see the ground. Now I am faced with a clearing that has a cave and feel that it will leave an  animal, but do not know what is.”

        _ “From there appears inside a huge white bear, which scares me a lot and I retreat, saying that I am afraid of him, with my whole body. I tremble all this time and I cringe whole. He speaks in a friendlly and conforting: I am
your guide. Do not be afraid. will not hurt you, I am here to help you follow this path you are choosing now.”

          _ “The therapist asks you can drive it in the ways of the unconsious with security? You can brig the sun? “

– “At the moment the su comes up with all the brightness, over the clearing, illuminating the entire site, leaving a purple aura throughout the forest. Still afraid and do not approach the bear, stare incredulously. He looks into my eyes and a wave of love  invades my hearts that I start to cry. I can not control myself. Tears run down my face.

          The wave of love comes over me and covers me with a golden light, warming my heart, my chakras, leaving the feet and head. I have the feelings that I am levitating. My whole body is envolved in this strange energy that whle it warms up and creates a feeling of great emotion and well-being, it scares”

       -“Do not resist. I am getting closer. He scares me a lot. The bear is huge. His hair is like white-milk, contrasting with the forest behind him. His face muzzle prominent, black almond-shaped eyes, sharo claws on the feet of the upper and lower. Its height is more or less than 3 (three) meters, because it gives me tw0.”

    – “I am looking and feeling, he does not draw the eye of me and feel the body heat continues. I am alone and I have to face any fear that appears. Sometimes I feel like running away, but let me control and penetrated by the heat wave. “

    – “I approached slowly, cautiously. The bear raised his arms stretched out his paws and I get scared again. I am controlling the scare. The wind is light, the smell of the forest becomes stronger and it relaxes me.”

           – “When I get closer, I feel a great need to lie down with his belly and it scares me, but  will feel at home, when very small touched me to the belly of my grandfather, he, too, was ruge in this time for me.. The bear does not talk, just look through the eyes of compassion and love me is a very strong and intense. My body shakes and I can play it slowly, as if it were a porcelain and I would break it. it feels weird. My heart races and my mind asks affection and warmth, without that. I can stop it. Everything turns into a whirlwing.

Lia Helena Giannechini, psicologa, psiodramatista, consultora em RH

http://liagiannechini.myblog.it

lhgiannechini@gmail.com

traduzido por Maria José Rutanen, de Pomarkku, Finlândiaa, escritora e tradutora, autora da ” Trilha da Saudade”.

mjrutanem@hotmail.com