Canção de sábado à noite/ Gabriel Duarte

Chama-me menino lindo
E despe-me a camisa
Sim assim.

Suave acaricio os teus cabelos
Os olhos que brilham
As faces, os labios sedentos.
Os meus dedos deslizam pela tua pele
E vão descobrindo teus caminhos
E teus mistérios.
Empresta-me a chave do teu corpo
E da tua alma
Quero conhecer-te por dentro,
Sem bloqueios nem amarras,
Na tua totalidade
De moça mulher madura,sempre adolescente,
Que sabe o que quer.

Conta-me devagar,
Os sonhos sonhados,
Os pensamentos esquecidos,
Os desejos escondidos
Os momentos perdidos.

Intenso e suave.
Sentidos acordados,
Olhos fechados,
Sinto a tua chama,
Um fogo noutro fogo.
O meu corpo arrepia-se,
Respiro a tua respiração,
Dou asas á imaginação,
Voo como uma gaivota à beira mar
Vejo a estrela polar.

Eu em ti, tu em mim, nós em um.
Enlaçados,
Beijos, gemidos. Palavras doces sussuradas.
Meu amor, meu amor, ai meu amor.
Brilham relâmpagos,
Soam trovões.
Tocam trombetas, rufam tambores.
Estrelejam foguetes
Há roncos e gritos no ar.
A Terra treme.
E em êxtase morremos,
Cansados.

Respiros profundos,
Ressuscitamos.
E de novo morremos,
Abraçados.

Lá longe, muito ao longe,
Ouve-se nos ramos das laranjeiras,
Um velho tango argentino.

Gabriel Duarte

gabrielmduarte@gmail.com

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poeta português, escritor, economista, vive em Lardosa, Castelo Branco, Portugal.

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